Proteínas e aminoácidos, suas funções, propriedades e onde os podemos encontrar. Descrição das proteínas dos alimentos e dos benefícios de cada uma, informando quais as consequências do excesso ou défice de determinada proteína ou aminoácido.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Valina, Leucina, isoleucina, função destes aminoácidos

A L-valina (Val) é um aminoácido essencial para o funcionamento do organismo. Os aminoácidos essenciais devem ser fornecidos pela alimentação, pois sua produção no organismo é insuficiente às necessidades metabólicas. A L-valina, a L-isoleucina e a L-leucina são os três aminoácidos de cadeia ramificada que atuam em conjunto, desempenhando diversas funções no organismo: protegem os músculos de lesões por esforço excessivo, através da promoção da síntese de proteínas e da redução do catabolismo protéico e participam, como substrato, para a gliconeogênese (síntese de glicose), podendo ser convertidos em componentes essenciais à produção de energia, principalmente na musculatura esquelética (onde também estimulam a produção dos aminoácidos L-alanina e L-glutamina). Estes aminoácidos podem ser utilizados como auxiliares no tratamento da encefalopatia hepática, doença que provoca lesão do fígado, geralmente em pessoas alcoolistas.
Estudos recentes indicam que o uso destes aminoácidos pode promover a cicatrização óssea e muscular em fraturas e lesões, por isso é muito utilizado em pacientes no tratamento pós-cirúrgico. Por diminuir a disponibilidade de L-fenilalanina no cérebro, a suplementação de L-valina, L-isoleucina e L-leucina pode ser útil no tratamento da fenilcetonúria (deficiência inata da enzima fenilalanina hidroxilase ou de precursores à sua síntese) e atuar na redução dos sintomas da discinesia tardia (distúrbio motor induzido por medicamentos antipsicóticos).
A vitamina B12 participa ativamente do catabolismo da L-valina, processo no qual este aminoácido é degradado em compostos essenciais à produção de energia pelas células do organismo.
Em mulheres lactantes, a ingestão diária de proteína, cereais e grãos é fundamental no suprimento da necessidade de aminoácidos da mãe e do bebê. O leite humano é o alimento ideal para o lactente, pois nele estão contidos os nutrientes essenciais para seu desenvolvimento. A concentração desses nutrientes no leite materno varia entre mulheres, grupos étnicos, maturidade do recém-nascido e até mesmo numa mesma mamada. No entanto, mesmo com pequenas oscilações, a composição do leite humano é compatível com as limitações metabólicas e a capacidade de digestão e absorção do lactente. Portanto, a administração do leite animal ou industrializado ao bebê pode não fornecer a quantidade de aminoácidos que seu organismo necessite e, ao mesmo tempo, pode também fornecer aminoácidos incompatíveis ao seu metabolismo, prejudicando o desenvolvimento normal e aumentando o risco de desenvolvimento de futuras doenças no bebê.
O leite de vaca contém 245 mg/dL de L-valina, enquanto no leite humano o suprimento médio desse aminoácido é de 70 mg/dL, quantidade suficiente ao lactente, com idade entre 3 e 4 meses, que necessita de 93 mg/kg por dia. O aleitamento materno continua sendo a melhor alternativa de alimentação para o lactente, por apresentar benefícios nutricionais, imunológicos e psicológicos. A amamentação é fundamental para a saúde e bem-estar da mãe e do bebê.
Por ser um aminoácido essencial, a L-valina é obtida a partir do consumo de certos alimentos da dieta normal. Após a ingestão, a L-valina é absorvida pelo intestino delgado e transportada pelo sangue até o fígado, onde parte será utilizada como substrato para a síntese de proteínas e parte será catabolizada, na presença de vitamina B12, em derivados essenciais à produção de energia. A L-valina é distribuída aos tecidos que dela necessitem através da circulação sanguínea. Este aminoácido está em maior concentração na musculatura esquelética, mas pode também ser encontrado no cérebro e rins.
As principais fontes naturais de L-valina são alimentos protéicos de origem animal como carnes em geral, ovos, leite e derivados, bem como alimentos de origem vegetal como arroz integral, feijão, soja, nozes, trigo,amendoim, castanha-de-caju, castanha-do-pará, avelã, ervilha, milho, centeio, cevada, alho, cebola, hortaliças em geral e diversas frutas. No entanto, estes últimos contêm pouca quantidade de aminoácidos livres. Como suplemento, a L-valina está disponível na forma de cápsulas, comprimidos, pós e em dietas enterais e parenterais, em associação com os outros dois aminoácidos de cadeia ramificada, a L-leucina e a L-isoleucina, sendo as dietas enterais e parenterais de uso exclusivo hospitalar. Estes três aminoácidos podem também ser encontrados em associação com a vitamina B12 e a biotina, vitaminas envolvidas no metabolismo destes aminoácidos.
Doenças, Sintomas e Sinais Relacionados

Fenilcetonúria, Problemas Musculares
"A concentração de aminoácidos no organismo pode depender de sua ingestão e absorção adequada, seja através da dieta ou de suplementos. Portanto, o excesso ou a deficiência de sua ingestão pode causar determinadas doenças, sinais e sintomas, que serão citadas abaixo:"
Pesquisas recentes indicam que os sintomas da encefalopatia hepática (doença que provoca lesões no fígado, principalmente em pessoas alcoolistas), devem-se ao acúmulo de falsos neurotransmissores no cérebro, resultantes de alterações dos níveis sanguíneos de L-valina, L-isoleucina e L-leucina. A suplementação destes aminoácidos associados pode atenuar os sintomas da doença através da redução destes falsos neurotransmissores acumulados. Apesar de existirem poucos estudos que confirmem a evolução da encefalopatia hepática e seus possíveis tratamentos, muitos pacientes recebem dietas enterais e parenterais como tratamento auxiliar desta doença. Dietas enterais e parenterais contendo L-valina, L-isoleucina e L-leucina são também utilizadas na nutrição de pacientes com traumas severos, como queimaduras extensas, devido à provável ação anticatabólica destes aminoácidos, que impede a degradação das proteínas e estimula sua síntese. Estes três aminoácidos podem prevenir a perda muscular e auxiliar na reparação de lesões teciduais através da síntese protéica. Estudos sugerem que os aminoácidos de cadeia ramificada podem inibir a degradação do glicogênio muscular durante o exercício; no entanto, não há evidências que a suplementação destes aminoácidos melhore o desempenho físico.
Anos atrás, a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada era amplamente prescrita como terapia única a pacientes com esclerose lateral amiotrópica (doença crônica e degenerativa do sistema nervoso central). Esta. prescrição era baseada em um estudo piloto que sugeria altas doses destes aminoácidos para a redução dos sintomas desta doença. No entanto, estudos subseqüentes indicaram que o uso de L-valina, L-isoleucina e L-leucina não apresentaram os efeitos esperados, onde casos de perda da função pulmonar foram relatados e houve um aumento dos casos de morte durante o tratamento. As evidências de pouca eficácia e a falta de segurança no tratamento encerraram os estudos.
Por ter a propriedade de redução da concentração de L-fenilalanina no cérebro, a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada tem sido utilizada em indivíduos com fenilcetonúria, doença caracterizada pela deficiência inata da enzima fenilalanina hidroxilase ou de enzimas precursoras à sua síntese. A função desta enzima é converter a L-fenilalanina ingerida, no aminoácido L-tirosina. A deficiência desta enzima eleva os níveis da L-fenilalanina no sangue, podendo causar problemas neurológicos irreversíveis. No entanto, são necessários maiores estudos que comprovem a eficácia da suplementação destes aminoácidos em pessoas fenilcetonúricas. Outros estudos relataram que administração de L-valina, L-isoleucina e L-leucina pode também reduzir os sintomas da discinesia tardia (distúrbio motor induzido por tratamento com medicamentos antipsicóticos), ao diminuir os níveis de L-fenilalanina no cérebro.
Deficiência

Os sintomas de deficiência ocorrem geralmente como resultado da carência total da ingestão de proteínas na dieta. A deficiência moderada pode reduzir a taxa de crescimento em crianças e baixar os níveis de proteínas essenciais no sangue, enquanto que a deficiência grave pode causar apatia, despigmentação dos cabelos, lesões na pele, edema (inchaço), fraqueza, letargia, danos ao fígado, perda de gordura e de massa muscular, bem como desnutrição severa.
Excesso

Não foram encontradas informações na literatura pesquisada.
Precauções

Os suplementos contendo L-valina devem ser armazenados em local seco, fresco, longe da luz direta e não devem ser congelados. Devem ser mantidos fora do alcance das crianças.
É importante levar em consideração alguns cuidados relativos à ingestão de L-valina, seja através da dieta ou na forma de suplementos, pois algumas pessoas apresentam problemas que podem ser agravados pela ingestão de L-valina, caso não haja orientação e supervisão de um profissional de saúde.
Suplementos contendo L-valina devem sempre ser administrados em associação e de forma balanceada com os outros aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-isoleucina e a L-leucina. “Geraluz recomenda que a suplementação de L-valina seja sempre orientada e supervisionada por um profissional de saúde. Encontre um neste site".
Contra-indicações

Suplementos contendo aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-valina, são contra-indicados às pessoas que apresentam hipersensibilidade a qualquer componente presente na formulação.
Alergia a alimentos protéicos: suplementos contendo aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-valina, não devem ser utilizados por pessoas alérgicas a alimentos protéicos, pois esse aminoácido também é encontrado neste tipo de alimento.
Doença da urina de xarope de bordo e a acidemia isovalérica: a L-valina, assim como os outros aminoácidos de cadeia ramificada, é contra-indicada para indivíduos com estas disfunções metabólicas.
Encefalopatia hepática (doença que provoca lesões no fígado, principalmente em pessoas alcoolistas): a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-valina, em pessoas com encefalopatia hepática deve ser prescrito e supervisionado por profissional de saúde.
Esclerose lateral amiotrópica (doença crônica e degenerativa do sistema nervoso central).: a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-valina, por pessoas com esclerose lateral amiotrópica, deve ser prescrita e supervisionada por um profissional de saúde. Estudos relataram piora de alguns pacientes tratados com aminoácidos de cadeia ramificada. Recentemente, outro estudo demonstrou que a administração de aminoácidos de cadeia ramificada, em doses elevadas, aumentou a taxa de mortalidade de pacientes portadores dessa doença.
Gravidez e Lactação: o uso de suplementos contendo aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-valina, deve ser evitado durante a gravidez e a lactação.
Bebês e Crianças: a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada, como a L-valina, é contra indicada a bebês e crianças.
Idosos: não foram encontradas informações na literatura pesquisada. “Geraluz recomenda que o uso de suplementos de L-valina por idosos seja prescrito e supervisionado por um profissional de saúde, já que o uso deste suplemento pode interagir com alguns medicamentos freqüentemente prescritos e utilizados por idosos."
“Geraluz recomenda que o uso de suplementos de L-valina seja prescrito e supervisionado por um profissional de saúde. Encontre um neste site.”
Toxicidade

Estudos recentes relataram um aumento na taxa de mortalidade de pacientes com esclerose lateral amiotrópica, após tratamento com doses elevadas de aminoácidos de cadeia ramificada.
Índice dos artigos relativos a Proteínas e Aminoácidos